Os políticos de maior expressão eleitoral, conhecidos como puxadores de voto, são a esperança da maioria dos candidatos que concorrem a uma cadeira da Assembléia Legislativa ou da Câmara dos Deputados nas eleições deste ano em Mato Grosso do Sul.
O esquema montado pelas principais coligações partidárias visa exatamente eleger o maior número de representantes para os cargos proporcionais usando como estratégia a influência política dos líderes que detém redutos eleitorais fortes.
É desta forma que o governador André Puccinelli (PMDB) e seu antecessor, Zeca do PT, planejam ter maioria dos parlamentares na Assembléia para constituir uma base governista sólida, impedindo com isso problemas institucionais no futuro.
Geralmente, são considerados puxadores de voto políticos que, além de ter uma base eleitoral consolidada, buscam a reeleição, como parlamentares, prefeitos, ex-prefeitos e até vereadores que cumprem sucessivos mandatos.
Deputados como Londres Machado (PR), Ary Rigo (PSDB), Onevan de Matos (PSDB), Zé Teixeira (DEM), Marcos Trad (PMDB), Jerson Domingos (PMDB), Maurício Picarelli (PMDB), entre outros, são considerados “peças-chaves” no esquema de campanha montado pelo governador André Puccinelli, que concorre a reeleição pela coligação Amor, Trabalho e Fé.
Integrantes da mesma coligação, eles são a esperança de outros nomes que, embora com menor chance, disputam o mesmo cargo, como os vereadores douradenses Marcelo Barros (DEM) e Sidlei Alves (DEM), o ex-vereador Luiz Akira (DEM), de Três Lagoas; o ex-prefeito e ex-secretário Adjunto de Meio Ambiente, Márcio Monteiro (PSDB), ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Osvane Ramos (PTdoB); o ex-secretário de Cultura, Athayde Nery (PPS), etc.
A coligação “A Força do Povo”, encabeçada por Zeca do PT, também tem seus puxadores de voto, como os deputados Pedro Kemp e Pedro Teruel, entre outros nomes que postulam uma cadeira na Assembléia por outras legendas.
Na sombra deles surgem potenciais candidatos como os vereadores de Campo Grande Marcelo Bluma (PV), Thaís Helena (PT), Lídio Lopes (PP) e Alcides Bernal (PP).
SURPRESAS
Embora a estratégia dos principais partidos e coligações seja utilizar seus líderes políticos para ampliar a bancada, elegendo candidatos menos expressivos, na coligação “A força do Povo” um nome desponta como favorito a conquistar uma cadeira na Assembleia, o advogado Gerson Claro (PDT), cuja expectativa supera inclusive nomes mais conhecidos.
Apadrinhado por um forte esquema de campanha arquitetado pelo ex-conselheiro João Leite Schmidt e avalizado por Zeca do PT e pelo deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT), candidato ao Senado, o advogado de direito público é visto com o puxador de voto de uma coligação que tem candidatos fortes como o ex-prefeito de Aquidauana, Felipe Orro (PDT) e o ex-vereador de Três Lagoas, Ângelo Guerreiro (PDT).
Senado pode acabar com os puxadores de voto
Em 12 de maio, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que institui o regime de eleição majoritária no pleito para deputados federais, estaduais, distritais e vereadores, acabando com os chamados "puxadores de voto".
Para entrar em vigor, o tema terá de ser aprovado pelo Plenário do Senado, além de ter de ser analisado na Câmara dos Deputados, mas só entraria em vigor na eleição que ocorrer um ano depois da aprovação total pelo Congresso.
Ainda que seja aprovada no Congresso este ano, a nova regra confirmada pela CCJ não vale para o pleito de outubro. É que a PEC estabelece que o novo sistema de votação não pode entrar em vigor em uma eleição que ocorrer até um ano antes da validação da proposta.
Se passar a vigorar, a proposta evita, por exemplo, a eleição de candidatos com poucos votos, alçados ao Legislativo na esteira de um candidato bem votado do mesmo partido ou coligação, ao mesmo tempo em que aniquilaria a possibilidade de derrota de candidatos que, mesmo com votação expressiva, não alcançaram o quociente eleitoral.
Pelas regras atuais, o voto nesses casos é proporcional, e um deputado pode se eleger com votos de qualquer lugar do seu Estado, sendo levada em conta a soma da votação de legenda e da votação nominal de cada um dos candidatos do partido político.
De acordo com a proposta ratificada pela CCJ, cada Estado e município funcionariam como um distrito nas eleições e, por essa lógica, conseguiriam uma cadeira no Legislativo os candidatos mais votados em cada região.
A proposta não estabelece o voto distrital propriamente dito, tese defendida por setores da sociedade favoráveis a uma reforma política.
O voto distrital prevê, por exemplo, que cada Estado seja dividido em um número de distritos equivalente ao de cadeiras no Legislativo, permitindo a vitória aos candidatos mais votados em cada distrito.
Na proposta relatada na CCJ pelo senador César Borges (PR-BA), entretanto, cada Estado e cada município funcionariam como um distrito único.
Fonte: Conjuntura On Line/Williams Araújo
